Oito ações de preservação do patrimônio e da memória da cultura brasileira dos estados Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Sergipe, São Paulo, Pará e Rio Grande do Sul são os vencedores da 29º Edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade. Divididos em duas categorias, os projetos foram selecionados pela Comissão Nacional de Avaliação, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), nos dias 27 e 28 de julho, em Brasília.
Na categoria I, as ações vencedoras ganharam destaque por desenvolverem projetos inovadores, que promovem e reforçam a identidade cultural do povo brasileiro. O XXII Festival de Bumba-meu-boi de Zabumba do Maranhão foi o destaque da ação que, realizada por meio de saberes e técnicas (comédia, personagens, toque, indumentárias, instrumentos, cantos, danças), vem sendo desenvolvida desde 1994 e faz parte do calendário cultural maranhense. Destacando conhecimentos de mestres e importância de suas histórias e saberes para futuras gerações.
De Minas Gerais, o projeto Som dos Sinos, disponibiliza por meio de plataformas web interativas as diferentes sonoridades dos sinos de igrejas de nove cidades mineiras. A iniciativa contribui para preservação e salvaguarda da paisagem sonora, do oficio de sineiro e do patrimônio histórico mineiro.
Os Mestres do Fogo, de Sergipe, foram o foco da pesquisa da professora Sayonara Viana Silva e equipe, iniciada em junho de 2013 nos bairros Porto d’Areia e Bonfim, onde vivem os mestres fogueteiros e os brincantes do barco de fogo. O projeto trouxe referências sobre um dos mais representativos festejos juninos de Sergipe.
A ação Memória do Circo, de São Paulo, apresentou uma pesquisa histórica que resgata e salvaguarda a memória do patrimônio cultural do circo brasileiro. Esse trabalho passa por registro aprofundado que se inicia desde os primeiros circos brasileiros, datado de fins do século XIX até a atualidade.
Já os vencedores da categoria II se destacaram por desenvolverem iniciativas de excelência em promoção e gestão compartilhada do patrimônio cultural, envolvendo todos os campos da preservação e oriundas do setor público, do setor privado e das comunidades. O projeto Identidade e Memória do Povo do Mar, da Bahia, é o somatório de inciativas de recuperar, reconhecer, valorizar, reproduzir e promover a identidade do povo de Matarandiba com estratégias de mobilização social e de investimento nas novas gerações. Enfocando o compromisso social, cultural e ambiental, aplicando uma metodologia de envolvimento da população local.
No Pará, o projeto Roteiros Geo-turísticos – Conhecendo o Centro Histórico de Belém, visa valorizar a memória sócio espacial e patrimonial, material e imaterial da capital paraense, por meio da criação e aplicação de roteiros turísticos temáticos.
A ação Dia do Patrimônio, do Rio Grande do Sul, enfoca a difusão do conceito de patrimônio; produzir conhecimento; estimular a apropriação dos espaços públicos com atividades culturais ao ar livre e em prédios históricos, públicos e privados e, realizar atividades educativas para escolas públicas, com foco na educação patrimonial.
O projeto Pescando Memórias, de Sergipe, partiu de um protagonismo local, de um jovem de uma comunidade ribeirinha conhecida como Povoado de São Braz, que fica às margens do Rio do Sal, no município de Nossa Senhora do Socorro, próximo a capital Aracaju. Este município faz parte de um bolsão de localidades com elevados índices de pobreza, ao norte da capital (acima de 58% de incidência de pobreza). A intenção era promover a autovalorização da comunidade fortalecendo seus vínculos identitários com as práticas pesqueiras, com o rio, suas margens e com as tradições locais, num contexto de baixa autoestima deste grupo social.
Comissão Nacional de Avaliação
A Comissão Nacional avaliou as 60 propostas finalistas de 22 estados brasileiros e Distrito Federal. Para a premiação, o instituto prepara uma grande cerimônia para o dia 20 de outubro, no Teatro Castro Alves, em Salvador (BA). Além do reconhecimento, os vencedores receberão o prêmio de 30 mil reais.
De acordo com o diretor do Departamento de Articulação e Fomento do Iphan e presidente da Comissão Nacional, Marcelo Brito, a reunião é uma oportunidade para o Iphan e os membros da Comissão conhecerem um Brasil invisível. “O Prêmio permite tornar visível trabalhos de preservação, para conhecimento da população. É a valorização dessas experiências. Todos os finalistas são vencedores, ainda que tenhamos que outorgar oito iniciativas”, afirmou.
Neste ano, o Prêmio Rodrigo recebeu 220 projetos inscritos. Entre as 60 ações finalistas, 27 foram da Categoria I e 33 da Categoria II. A primeira busca contemplar iniciativas de excelência em técnicas de preservação e salvaguarda do Patrimônio Cultural, que visam valorizar e promover iniciativas de excelência em preservação e salvaguarda, envolvendo identificação, reconhecimento e salvaguarda; pesquisas; projetos, obras e medidas de conservação e restauro.
Já a segunda, ações de excelência em promoção e gestão compartilhada do Patrimônio Cultural, que visam valorizar e promover iniciativas referenciais que demonstrem o compromisso e a responsabilidade compartilhada para com a preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro, envolvendo todos os campos da preservação e oriundas do setor público, do setor privado e das comunidades.
Homenagem ao Samba de Roda
O Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade 2016 homenageia o Samba de Roda do Recôncavo Baiano, no ano em que se completam os 100 anos de gravação do primeiro samba. Este bem cultural foi inscrito no Livro de Registro das Formas de Expressão em 2004 e foi reconhecido pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade, em 2005.
Esta é uma forma de expressão musical, coreográfica e festiva de matriz africana, mesclada aos traços culturais trazidos pelos portugueses, principalmente, pelo uso da viola e do pandeiro e da própria língua portuguesa nos elementos de suas formas poéticas. Seus primeiros registros, com esse nome e com as características que ainda hoje o identificam, datam dos anos 1860.
O Samba de Roda do Recôncavo Baiano está presente em todo o Estado da Bahia e é especialmente mais conhecido na região do Recôncavo, a faixa de terra que se estende em torno da Baía de Todos os Santos. Pode ser realizado em associação com o calendário festivo – caso das festas da Boa Morte, em Cachoeira, em agosto; de São Cosme e Damião, em setembro; e de sambas ao final de rituais para caboclos em terreiros de candomblé. Contudo, o prazer de sambar pode se dar a qualquer momento.
Revista
Desde o ano de 2014, o Iphan passou a produzir uma revista com conteúdo completo sobre os premiados e homenageado de cada edição. A ideia é criar um instrumento de divulgação, bem como dar representatividade a essas iniciativas, ouvindo seus proponentes e dando-lhes voz. Confira as edições.
Rodrigo Melo Franco de Andrade
O advogado, jornalista e escritor Rodrigo Melo Franco de Andrade nasceu em 17 de agosto de 1898, em Belo Horizonte. Foi redator-chefe e diretor da Revista do Brasil e, na política, foi chefe de gabinete de Francisco Campos, atuando na equipe que integrou o Ministério da Educação e Saúde do governo Getúlio Vargas. O grupo era formado por intelectuais e artistas herdeiros dos ideais da Semana de 1922. Rodrigo Melo Franco de Andrade comandou o Iphan desde sua fundação, em 1937, até 1967.
Mais informações para a imprensa: Assessoria de Comunicação Iphan comunicacao@iphan.gov.br Fernanda Pereira - fernanda.pereira@iphan.gov.br Adélia Soares – adelia.soares@iphan.gov.br Ananda Figueiredo – ananda.figueiredo@iphan.gov.br Iris Santos – iris.santos@iphan.gov.br (61) 2024-5531 / 2024-5512 / 2024-5513 www.iphan.gov.br www.facebook.com/IphanGovBr | www.twitter.com/IphanGovBr www.youtube.com/IphanGovBr